Por Jordan Campos
Sim, um adolescente matou dois colegas de escola com uma arma de fogo. Sim, pessoas desinformadas e com a ajuda da mídia espalham que o bullying foi o motivo. Não, não foi este o motivo. E vou aqui explicar um pouco sobre tudo isto.
Sim, um adolescente matou dois colegas de escola com uma arma de fogo. Sim, pessoas desinformadas e com a ajuda da mídia espalham que o bullying foi o motivo. Não, não foi este o motivo. E vou aqui explicar um pouco sobre tudo isto.
Sou pai de quatro filhos, psicoterapeuta clínico de
crianças, jovens e adultos e discordo completamente da “desculpa esfarrapada”
desta pseudo-versão dos fatos. Bullying é o resultado de um abuso persistente
na forma de violência física ou psicológica a uma outra pessoa. Bullying não é
a piada sem graça, a ofensa solta ou uma provocação por conta do odor
resultante da falta de desodorante por quatro dias, que foi exatamente o “caso”
do adolescente que matou seus colegas. O motivo pelo qual o jovem assassinou
seus colegas é um conjunto de fatores na formação de sua personalidade sob
responsabilidade de seus pais.
O GATILHO que deu o start em seu plano de matar pode
ter surgido da provocação de seus colegas, sim. Foi uma reação desmedida,
autoritária, perversa e calculada a um conflito em que ele se viu inserido. A
falta de preparo emocional e educacional deste jovem para lidar com frustrações
é o ponto alto deste simples quebra-cabeças. Quando somos colocados frente a um
conflito, ou o enfrentamos, ou fugimos ou paralisamos. As vítimas de bullying
costumam paralisar e passam anos no gerúndio do próprio verbo que identifica
este problema. Bullying é uma ressaca, um trauma no gerúndio, que vai minando
as forças, destruindo a autoestima e a identidade frágil de suas vítimas.
No caso do adolescente em questão ele não teve tempo
de ser vítima de bullying, ele simplesmente enfrentou a provocação de ser
chamado de fedorento com base em sua formação de personalidade, filosofia de
vida, exemplos e criação, reagindo. Colegas de sala disseram que ele era
adorador do nazismo, cultuava coisas satânicas e quando provocado dizia que
seus pais, que são policiais, iriam matar os provocadores se ele pedisse!!!!
BINGO!!!!
NÃO FOI BULLYING - Por mais espantoso que possa ser,
desculpem mídia e pseudo-sábios filósofos contemporâneos - o garoto matou porque
tinha na sua formação de personalidade uma espécie de autorização para fazer! A
identidade deste jovem de 14 anos estava formada em um alicerce que permitia
isso. Ele provavelmente iria fazer isso logo logo... Na escola, com o vizinho,
na briga de trânsito ou com a namorada que terminasse com ele, e isso nada tem
a ver com Bullying. A provocação foi apenas o motivo para “fazer o que já se
era.”
Agora, falando do Bullying, digo sem pestanejar que o
maior culpado pela sedimentação do bullying e suas prováveis repercussões não
são os coleguinhas “maldosos”, e sim a FAMÍLIA de quem sofre este tipo de ação.
Se quem sofresse bullying fosse um potencial assassino a humanidade estava
extinta. Mata-se muito por traições, brigas de trânsito, desavenças de trabalho,
machismo, homofobia... Mas não por Bullying. Do contrário - é muito mais
provável um suicídio, depressão, implosão.
O que faz com que alguém resista ou não a uma ação que
pode virar bullying? Simples – a capacidade do jovem em lidar com frustrações e
aprender a enfrentar seus problemas e conflitos. Esta é a maior prevenção ao
bullying – aprender a vencer frustrações se submetendo a elas de forma sadia e
com orientação. Aprender a respeitar os pais e a vida. Ter lições diárias de
cidadania, direitos humanos - mas o mais importante - passar por frustrações e
ter apoio dos pais, sem lamentar e encontrar culpados e sim crescer forte
entendendo que neste mundo não podemos ter o controle das coisas.
Pais, ensinem seus filhos a respeitarem vocês e aos
outros. Sei que muitos de vocês estão cheio de carências, desesperados em
relações funcionais fúteis, e projetando em seus filhos o amor que não tiveram
de quem acham que deveriam ter. Negligenciam assim o respeito e querem ser
amados - isso contribui para fazer jovens fracos, deprimidos, ansiosos,
confusos e vítimas fáceis para o bullying. Lembrem-se: só se ama e se valoriza
o que se aprende a respeitar!
Obs 01: Este texto foi feito com base em informações
disponíveis na imprensa e pela polícia até então. Não é um exame, avaliação ou
diagnóstico psicoterapeutico, e sim considerações em tese, de cunho geral de
muitos anos atendendo jovens como profissional do comportamento.
Obs 02: Ofensas pessoais serão excluídas e bloqueadas.
Aditivo colocado por mim às 20:37:
Acabei de assistir ao Fantástico e a mídia começou a perceber o que eu disse no texto acima, e agora com bastante cautela perguntam sem afirmar “será que foi bullying?”. Eles entrevistaram o psiquiatra do caso, o delegado, a diretora e uma mãe que perdeu o filho. Observem as respostas:
Acabei de assistir ao Fantástico e a mídia começou a perceber o que eu disse no texto acima, e agora com bastante cautela perguntam sem afirmar “será que foi bullying?”. Eles entrevistaram o psiquiatra do caso, o delegado, a diretora e uma mãe que perdeu o filho. Observem as respostas:
O psiquiatra do caso disse: “o que causou o ato foi um
conjunto de fatores pré-existentes que fizeram uma panela de pressão onde as
provocações ou bullying foi apenas a gota d’água fazendo com que ele tenha
explodido”.
A diretora da escola ao ser também perguntada sobre o
possível bullying, que é uma ocorrência grave e contínua, disse que “não, nunca
foi relatado isso” - e eu soube que a escola é excelente da condução
pedagógica.
A mãe de um dos adolescentes mortos também ao ser
perguntada disse que não acredita que tenha sido bullying, e que nem escola nem
seu filho haviam mencionado nada sobre isto.
Apenas o delegado, com base no que ouviu do
adolescente sustenta que ele afirma ter matado por bullying. Óbvio! A tese da
defesa vai ser esta - é a única que pode atenuar a coisa tanto para o garoto
como para seus pais.
Ou seja, o texto que produzi, sem ter contato direto
com a situação, parece em total coerência com a verdade acontecida. E alguns
leigos ou de má fé quiseram apontar que eu minimizei o bullying. Não, bullying
é algo sério, mas não neste caso! Vamos juntos!
Boa noite!
Por Jordan Campos
www.jordancampos.com.br
www.jordancampos.com.br
Nenhum comentário:
Postar um comentário