terça-feira, 22 de março de 2011

Carência de formação técnica

Folha de São Paulo, 20/03/2011 - São Paulo SP

País precisa aumentar formação técnica

Trabalhadores que possuem ensino médio incompleto são os que mais têm dificuldade de conseguir emprego. Especialistas dizem que governo deve aumentar investimento em ensino profissionalizante para diminuir carências

DE SÃO PAULO

O nível de desocupação caiu fortemente nos últimos anos para trabalhadores de todas as faixas de escolaridade. Mas algumas discrepâncias -dependendo do número de anos de estudo- se exacerbaram. Em 2002, a taxa de desemprego do grupo com 9 a 10 anos de estudo era três vezes maior do que a dos trabalhadores com escolaridade igual ou inferior a quatro anos. No ano passado, essa diferença havia saltado para sete vezes. Trabalhadores com ensino médio incompleto são, de longe, os que mais têm dificuldade de conseguir vaga. Mesmo com o desemprego no menor nível desde, pelo menos, 2002, e empresários reclamando da falta de mão de obra, a taxa de desocupação desse grupo foi de 22% no ano passado. O segundo maior nível de desemprego está entre aqueles que concluíram o ensino médio: 6,1%. Esse número é baixo se considerada a taxa de desemprego média de 9,6% do país nos últimos nove anos. Mas é o dobro da taxa de desocupação entre trabalhadores muito qualificados (mais de 15 anos de estudo) ou com pouco estudo (quatro anos ou menos). "Esses números refletem a dificuldade dos jovens, cuja escolaridade tem aumentado, em conseguir o primeiro emprego", diz Ruben Damião, sócio da Galeão Serviços de Investimentos.

CARÊNCIAS - Pedro Paulo Carbone, diretor-executivo do Ibmec Brasília, acredita que, se o governo não investir em cursos profissionalizantes, o desemprego para quem tem entre 9 e 11 anos de estudo tende a crescer: "A educação de segundo grau é inócua ou pouco efetiva para o mercado de trabalho atual. Serve apenas como ponte à universidade". Mesmo em relação ao ensino superior (trabalhadores desse grupo são os que enfrentam a menor taxa de desemprego), especialistas dizem que há distorções e carências que precisam ser atacadas no Brasil.

"Com a privatização do ensino superior, as empresas estão preocupadas em ter lucro. Oferecem cursos baratos para atrair a população de baixa renda, que está mais preocupada com o valor da mensalidade do que com a qualidade do conteúdo do curso", afirma Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese. Segundo os especialistas, para dar continuidade ao crescimento, o país precisa de pessoas com formação em áreas como engenharia, ciências exatas, estatística, matemática e informática. "Não adianta somente formar administradores e advogados. O mercado precisa de mão de obra em outras áreas", diz Ganz Lucio. Gabriela Nobre Viana, 29, psicóloga com pós-graduação em gestão de RH, está prestes a desistir de procurar emprego em sua área. "Estou buscando há muito tempo e agora penso em partir para outra área de maior demanda", diz a psicóloga. (ERICA FRAGA E CLAUDIA ROLLI)

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Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar