quinta-feira, 21 de agosto de 2008

ONGs

O que você pensa sobre as ONGs? Aliás, deve-se falar corretamente ONG, tudo junto, e não separadamente O-N-G, uma vez que as letras são silabáveis e podem ser pronunciadas como uma palavra.

Jornal do Commercio - Direito & Justiça – Carreiras – 08.08.08
Responsabilidade social e ética
ENGEL PASCHOALONGs?
Pior sem elas
Criada em 1991, a cada 10 de agosto a Associação Brasileira de Organizações Não-Governamentais (Abong) completa mais um aniversário. Para que serve a Abong? Entre outras coisas, para "consolidar a identidade das ONGs brasileiras e afirmar sua autonomia". E para que servem as ONGs? Se foi criada para resolver um problema, a ONG deveria deixar de existir assim que o problema fosse resolvido, imagino eu.Ou, como disse a revista britânica The Economist (29/01/00): "O principal objetivo das ONGs deveria ser a sua própria extinção". Para a revista inglesa, as ONGs se multiplicam, usam métodos de grandes empresas, deixam de lado as boas intenções e "hoje desembolsam mais dinheiro que o Banco Mundial".Em 2002 havia, segundo a Abong, 276 mil ONGs no Brasil. Em 2006, seriam 326 mil. Hoje, fala-se em 500 mil. O número exato? Se alguém souber, me avise.Lobos e cordeiros. As críticas às ONGs vêm de muitos lados e há muitos anos. Por exemplo, o roteiro do filme "Quanto vale ou é por quilo?" (2005), de Sergio Bianchi, tinha um trecho que dizia: "Se dividíssemos os US$ 100 milhões (quantia estimada da movimentação financeira anual das associações especializadas em crianças de rua em todo o País) pelo número estimado de crianças dormindo nas ruas (10 mil), (...) seria possível comprar um apartamento de quarto e sala para cada criança a cada dois anos".Há uns três anos, funcionários da Organização Internacional do Trabalho (OIT) entraram com ação trabalhista contra a própria. Também pela mesma época a ONU - que considero a ONG das ONGs - reconheceu que muitos dos estupros em campos de refugiados eram causados pelos seus homens, que tinham como missão justamente cuidar dos que ali se encontravam.Claro que não existem apenas lobos. Só para ficar no nosso quintal, a Associação de Assistência à Criança Deficiente (AACD) é considerada uma das ONGs mais eficientes do Brasil. Sem dúvida, há outras no mesmo time. O problema é conseguir separar lobos e cordeiros.Aliás, isso é o que deveria acontecer com a CPI das ONGs. É o que eu espero. E a Abong, também, pelo menos segundo esse trecho de um longo texto colocado no site dela:"O acesso e uso de recursos por entidades sérias, compromissadas com o aprofundamento da democracia e a defesa de direitos humanos, devem se constituir em norte para elaboração de uma nova regulação, que se oriente: por princípios democráticos e de desenvolvimento sustentável, com clara definição sobre o papel do Estado e da sociedade civil; por uma melhor compreensão sobre a natureza das organizações sem fins lucrativos e sua estrutural diferença das entidades privadas do mercado; pelo sentido e significado do acesso aos recursos públicos e sentido da sua utilização; pelo reconhecimento da importância e relevância do trabalho das ONGs para o fortalecimento da democracia e construção da cidadania em nosso País".Falta de informação afeta imagem. No final de janeiro, o boletim do Grupo de Institutos Fundações e Empresas (GIFE) dizia que "as denúncias realizadas por jornais e revistas do País têm deixado uma imagem desconfortável sobre a atuação das organizações não-governamentais no Brasil. As reportagens apontam que o governo repassa quase R$ 3 bilhões a ONGs sem fiscalização adequada , ligadas a parlamentares ou a seus aliados políticos e doadores de campanha".Para a Abong, GIFE e "profissionais ligados à área jurídica do setor [...], as acusações deixam dúvidas sobre qual é o real foco do problema: o mau comportamento de organizações ligadas ao governo (em muitos casos, criadas pelos próprios parlamentares) e a respectiva falta de prestação de contas, ou o trabalho realizado pela universalidade de ONGs que atuam no País?"No fundo, a conclusão é que a falta de informação afeta a imagem das ONGs.Resumo o assunto assim: 1. o Governo não tem como resolver todos os problemas sem a ajuda das ONGs; 2. como são tocadas por pessoas, as ONGs não são perfeitas e, sem dúvida, há muita picaretagem no meio; 3. quanto mais se falar no assunto, maiores serão as chances de fiscalizarmos as ONGs.* Com Lucila Cano

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar